Exmo Dom José Geraldo da Cruz,
bispo diocesano,
Estimados Irmãos no
sacerdócio,
consagrados, consagradas e
todo o Povo de Deus da Igreja que está em Juazeiro,
Paz e Bem!
"Com certeza, em quem é nomeado bispo surge um sentimento muito forte de responsabilidade e de amor por sua nova diocese. Sente no coração que está vinculado a essa nova realidade e deseja servi-la com todas as forças" (Cardeal Martini)
Poucas palavras expressam tão oportunamente o que
sinto neste momento, desde minha nomeação para o serviço de vocês como bispo
coadjutor, como essas do sábio e exímio pastor Carlo Maria Martini (+2012).
Desde que o Senhor Núncio Apostólico me apresentou a eleição por parte do santo
Padre tenho buscado informações sobre a sua realidade e a sua História, o que
muito tem alegrado meu coração e interpelado minhas disposições interiores.
Sendo natural do Estado de Santa Catarina fiz opção
já no tempo de profissão temporária de viver e trabalhar como franciscano no
Nordeste do Brasil. Sou catarinense de coração nordestino, de identificação com
esta terra e sua gente, de sotaque com resquícios barriga-verdes, mas com
fortes marcas cearenses e pernambucanas. E isso me alegra bastante! Depois de duas
décadas conciliando a dedicação do Povo de Deus em paróquias e comunidades com
o serviço da formação inicial e animação dos confrades, foi-me confiado no
último Capitulo (Assembleia) de nossa Província a tarefa de Ministro
Provincial, de "lavar os pés dos irmãos" (como tanto frisava São
Francisco). Com as mesmas prontidão missionária e humilde e sincera disposição
de servir à Igreja acolhi a nomeação do Papa Francisco para ser o bispo
coadjutor dessa Igreja Particular.
Minha cidade natal dica banhada por uma baia que os
espanhóis ao avistarem em meados do século XVI pensaram tratar-se de um rio, o
rio São Francisco... do Sul. Sentir-me-ei em casa junto às águas do "Velho
Chico", com a missão de ser e "fazer pontes", estreitando laços
de comunhão eclesial e estimulando uma Igreja "em saída", missionária
e samaritana (como tão bem assinala a bela e reconhecida História dessa porção
do Povo de Deus).
Como vocês sabem, a cidade de Juazeiro nasceu a
partir de uma Missão dos frades de nossa Província Francisca de Santo Antônio
(de 1706 a 1840), uma Missão marcada por contradições próprias da época, mas
também por um ardor missionário com fortes acentos de despojamento (que os
franciscanos chamamos de Minoridade) e abnegação que hoje nos desafiam e interpelam.
A bela imagem da Virgem das Grotas, Padroeira da cidade e da Diocese, é testemunha
desses primórdios da Evangelização nessas paragens baianas e acena para a
presença materna da "Virgem feita igreja", como chamava o Santo de
Assis. Irei movido e co-movido pela mesma Paixão pelo Evangelho e pela decisão
de fazer-me irmão e servidor dos irmãos. O lema que escolhi, "Nasceu por
nós no caminho" (natus fuit pro nobis en Via) é um trecho de um salmo
natalino composto po São Francisco de Assis. Ao encanto pelo Senhor Oni-ponte
que humildemente fez-se pequeno e pobre, nosso irmão, soma-se a exigência de seguirmos
suas pegadas, colocarmo-nos permanentemente a caminho ("in via"), em
permanente estado de Missão e de conversão eclesial.
Sou francisquense, franciscano e, a partir de agora,
serei sãofranciscano, bebendo das àguas do "rio da integração
nacional" e percorrendo ruas e estradas da Diocese com o cajado de pastor
e as sandálias de frade menor.
Agradeço a terna acolhida que tenho recebido desde o
anuncio da minha nomeação para esse ministério junto a vocês. Conto com suas
orações para que possa assumir com fidelidade e entusiasmo a vocação de
discípulo missionário e "testemunha próxima e alegre de Cristo, Bom
Pastor" (DocAp, n. 187), para que seja um Pastor com "o cheiro das
ovelhas" (Papa Francisco), a exemplo dos que apascentaram esse rebanho
desde a criação da Diocese.
Atenciosa e afetuosamente,
Frei Beto Breis, ofm
Bispo Coadjutor Eleito
Diocese de Juazeiro Bahia.
EmoticonEmoticon